Trabalho realizado pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo incentiva o agro paulista a ir cada vez mais longe em sua trajetória.

Marcus Frediani

O agronegócio paulista segue de vento em popa, cravando sucessivos recordes de produtividade e desempenho de negócios, em uma dinâmica que, sem dúvida alguma, serve de exemplo e modelo para todo o Brasil.

Em função desses resultados para lá de satisfatórios, a revista Siderurgia Brasil foi ouvir com exclusividade as impressões do comandante da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Antonio Junqueira, que além de explicar as razões dessa performance, deu muitas outras boas notícias acerca do agronegócio paulista. Leia, e entre você também nessa good vibe.

Siderurgia Brasil: Secretário, ao longo de 2023, o agronegócio paulista vem registrando resultados bastante positivos, tanto no que diz respeito ao mercado doméstico quanto às exportações. Quais são as estatísticas e os principais vetores desse desempenho?
Antonio Junqueira:
O agronegócio paulista registrou sucessivos superávits mensais neste ano. E, segundo os dados do Instituto de Economia Agrícola (IEA), o resultado do 1º Semestre apresentou um excedente de US$ 10,04 bilhões, com um crescimento de 6,4% em comparação ao mesmo período de 2022. Na análise setorial, o resultado do período também indica um crescimento nas exportações de 6,1%, alcançando US$12,63 bilhões, e nas importações 5,3%, totalizando US$ 2,59 bi.

Que países compraram mais, e que tipos de produtos?
Os principais países compradores foram a China, com 26% do total, com destaque para a soja e carne; a União Europeia (sucos, sucroalcooleiro e café) e Estados Unidos (sucos e carne). Os cinco principais grupos nas exportações do agronegócio paulista no acumulado no 1TM representaram 79% das vendas externas setoriais paulistas: na ordem, o complexo sucroalcooleiro, com US$ 3,67 bilhões, sendo que deste total o açúcar representou 86,9%; o complexo soja (US$ 2,51 bilhões, tendo a soja em grão 85,7% de participação); o setor de carnes (US$ 1,51 bilhão, no qual a carne bovina respondeu por 80,6%); os produtos florestais (US$ 1,31 bilhão, com participações de 50,2% de celulose e 41,6% de papel), e o grupo de sucos (US$ 964,37 milhões, dos quais 97,2% referentes a suco de laranja).

Quais as projeções para o 2º Semestre de 2023 e em 2024?
As perspectivas são ótimas, mas a continuidade também depende muito da melhoria do PIB nacional e da macroeconomia como um todo. A expectativa é de crescimento contínuo para o estado de São Paulo, superando os números registrados no 1º semestre. Não temos uma previsão numérica, mas acreditamos que as ações no âmbito dos programas da Secretaria de Agricultura garantirão esse desempenho aos pequenos e médios produtores paulistas, por meio do acesso a linhas de crédito, de seguro e de extensão rural.

O que a Secretaria de Agricultura está fazendo para incentivar a atuação e os resultados deles?
Temos várias ações. Uma das principais é o Programa Agro Paulista + Verde, que inclui políticas públicas compatíveis com a importância do agronegócio paulista, e prioriza o atendimento das demandas dos pequenos e médios produtores. Esse programa está alinhado com as diretrizes traçadas pelo governador Tarcísio de Freitas, e contempla quatro pilares principais, que são a conectividade no campo, a produção sustentável, os alimentos seguros e saudáveis e a modernização da Secretaria de Agricultura.

Falando do primeiro pilar, qual a situação atual do agro paulista quando o assunto é conectividade?
Ainda existem muitos locais no estado de São Paulo que não têm cobertura de internet. Muitos produtores estão no “breu”. Então, precisamos mudar isso. A meta do governador Tarcísio de Freitas é zerar essa falta de cobertura até 2026. Para tanto, temos conversado com grandes e pequenas operadoras para que os produtores paulistas tenham acesso à internet de qualidade. Além disso, a Secretaria está trabalhando para lançar em breve um programa voltado à conectividade no campo, e, com isso, possibilitar totalmente o acesso e o aproveitamento que os benefícios das novas tecnologias proporcionam.

E em termos de produção sustentável: em que posição o agro paulista se encontra? O que a Secretaria está fazendo para incentivá-la?
São Paulo é um estado com 23% de cobertura vegetal preservada, acima do que prevê o Código Florestal. E um trabalho importante que fazemos é a regularização ambiental dos imóveis rurais, que envolve o cumprimento do Código Florestal Brasileiro, e estabelece o percentual de vegetação nativa que deve ser preservado ou recomposto em cada propriedade. A identificação das áreas a recuperar – ou seja, seus passivos – e dos excedentes de vegetação nativa – seus ativos –, permitirá o acesso dos produtores rurais, por exemplo às políticas públicas de pagamentos por serviços ambientais (PSA) e a obtenção de Créditos de Carbono. Nesse cenário, assumimos a responsabilidade sobre as políticas de desenvolvimento rural sustentável, em especial sobre a implantação e validação do Cadastro Ambiental Rural (CAR) e do Programa de Regularização Ambiental (PRA).

Na prática, o que isso significa?
Hoje, São Paulo está em situação destacada diante dos demais estados brasileiros, alcançando 96,4% dos imóveis rurais em condições de avançar no processo de regularização ambiental, com 415 mil cadastros ativos no sistema e 386 mil com análise concluída no sistema estadual. É uma política de Estado, que reconhece essa agenda como urgente e estratégica para o futuro da agricultura paulista e brasileira. Desse total, mais de 21 mil cadastros foram validados em todas as etapas de regularização.

E qual o benefício da validação do CAR?
O Plano Safra 2023/2024 garantirá aos produtores que cumprem regras ambientais taxas de juros mais baixas. As propriedades rurais que estão com esse cadastro analisado, além daqueles que adotam práticas agropecuárias consideradas mais sustentáveis terão redução de 0,5 ponto percentual na taxa de juros de custeio.

Em termos de crédito, qual a dotação atual de financiamentos do Governo de São Paulo para o agronegócio do estado?
Para que o agricultor possa manter a produção, além de oportunidades de crescimento, o governo paulista, por meio da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, disponibiliza linhas de crédito com taxas de juros de 3% ao ano, que são as mais baixas do mercado, por meio do Fundo de Expansão do Agronegócio Paulista (FEAP). O objetivo é fomentar os negócios de agricultores, pecuaristas e pescadores artesanais, bem como as suas associações e cooperativas de produtores rurais. Este ano, foram deliberados R$ 201 milhões para aplicação em operações de investimentos na agricultura no Estado de São Paulo. Em seis meses de gestão, o seguro rural do FEAP já gerou mais de 9 mil apólices. Dos 516 contratos emitidos, R$ 84 milhões já foram pagos. Atualmente, outras 693 operações aguardam a liberação de recurso, que totalizam mais R$ 67,5 milhões. Essas ferramentas são de suma importância para aumentar a renda dos pequenos e médios produtores. Em relação aos bancos, estes seguem linhas estabelecidas pelo Plano Safra, e esperamos que isso atenda às necessidades dos pequenos e médios produtores.

Finalmente, como o senhor avalia a importância e a influência das operações da siderurgia e dos demais entes da cadeia do aço, no sentido de instalar um cenário mais favorável para fazer crescer o agronegócio paulista no presente e no futuro? E quais as expectativas da Secretaria de Agricultura em relação a ele?

Esse setor anda de mãos dadas com o agronegócio. A siderurgia está em todos os programas, como armazenagem, com os galpões, na preparação de alimentos, no setor das frutas. Assim, esperamos que o setor siderúrgico ofereça produtos de alta qualidade e com preços acessíveis aos produtores paulistas.