Como mais uma prova de sua responsabilidade ambiental, a ArcelorMittal Pecém consegue o reaproveitamento interno e destinação externa de 100% dos seus resíduos de produção.
Marcus Frediani
A sustentabilidade, que está em toda a cadeia produtiva e de utilização do aço, é um valor para a ArcelorMittal Pecém. E as soluções da empresa para tratamento de coprodutos – os materiais gerados na produção que não são aço ou energia, mas têm valor agregado –, únicos no Brasil, são prova disso. É o caso do Baosteel’s Slag Short Flow (BSSF), um equipamento de última geração da companhia, que granula a escória de Aciaria e abre novas aplicações para o material.
Para saber mais sobre o tema, a revista Siderurgia Brasil foi conversar com exclusividade com Alex Nascimento, gerente de Infraestrutura Interna do Pecém. Confira o que ele nos falou.
Siderurgia Brasil: Alex, para início de conversa, o que é a unidade Baosteel Slag Short Flow (BSSF) da ArcelorMittal Pecém? E que benefícios ela proporciona?
Alex Nascimento: Basicamente, trata-se de uma estação na qual é aplicada uma tecnologia inovadora de granulação da escória de Aciaria e de Alto-forno, lama, pós, gases, resíduos refratários e resíduos metálicos (sucatas), que abre novas aplicações para o material, reduzindo o tempo de tratamento desses materiais de seis a oito meses para apenas 30 minutos no comparativo ao processo de seu beneficiamento convencional. O processo demanda menos areia e brita, que são recursos naturais obtidos a partir da trituração de rochas, substituindo 80% desses elementos por agregado siderúrgico e contribuindo, portanto, para a descarbonização. Assim, ao adotar processos e equipamentos de última geração, garantimos que os nossos coprodutos tenham gestão e aplicações adequadas, contribuindo para a economia circular.
Trata-se de uma metodologia recente implementada por vocês?
Não. Na verdade, sua implementação remonta ao início da operação da usina, em 2016. E temos orgulho em dizer que essa é uma tecnologia que apenas a unidade ArcelorMittal Pecém possui no Brasil.
E que aplicações esses coprodutos encontram no mercado?
Hoje, 100% do agregado siderúrgico não metálico gerado na produção de aço e processado na estação de granulação é vendido para as empresas cimenteiras e indústrias de pré-moldados. As sobras de óleos, os gases, as escórias de Aciaria e de Alto-forno, e o agregado siderúrgico servem como matéria-prima para a indústria de tintas, detergentes, plásticos, produtos agrícolas, cerâmica e pavimentação de pátios e vias. O agregado siderúrgico gerado a partir do BSSF já foi utilizado para o desenvolvimento, por exemplo, de um novo tipo de pré-moldado sustentável. E estamos sempre analisando novas e possíveis aplicações. Atualmente, estamos buscando diversificar suas aplicações para massas asfálticas e fertilizantes. Essa diversificação está em fase de desenvolvimento, em parceria com universidades e centros de pesquisa.
E qual a importância dos coprodutos para o negócio da usina?
A mentalidade da ArcelorMittal Pecém está pautada no valor da sustentabilidade. Atualmente, 99,87% dos resíduos gerados são comercializados ou reciclados internamente, evitando a compra de mais matérias-primas. Os coprodutos possuem uma representatividade em nossa receita e são verdadeiros ativadores de desenvolvimento.
Com quantos deles vocês trabalham hoje em dia? E que regiões eles atendem?
A ArcelorMittal Pecém dispõe, atualmente, de 61 tipos de coprodutos gerenciados, atendendo a indústrias do Nordeste, Sudeste e Sul do País e no exterior. São escórias, enxofre líquido, alcatrão, BTX-Carboquímico e refratários.
E quais resultados financeiros essas operações proporcionam?
Os resíduos se transformaram em novos negócios. Nosso principal objetivo é buscar alternativas de negócios que sejam viáveis econômica e ambientalmente para viabilizar essa venda de coprodutos a parceiros no mercado que vão utilizar como insumos importantes nas suas respectivas indústrias. A planta industrial do Pecém alcançou um faturamento de R$ 239 milhões, com a comercialização de coprodutos em 2022, e a participação do BSSF é um dos pilares para atingir esses valores.
Voltando a falar na sustentabilidade, quais são as principais preocupações relacionadas à utilização dos coprodutos que vocês têm nessa área?
A principal delas é que os coprodutos tenham uma gestão e aplicação adequadas, com menor impacto ambiental. Com o BSSF, tecnologia verde, podemos maximizar esse conceito. O processo é limpo, rápido e seguro. Complementarmente, a ArcelorMittal Pecém também se certifica de fornecer coprodutos a parceiros ambientalmente responsáveis. Para isso, realizamos avaliações dos requisitos legais aplicáveis aos clientes que pretendem utilizá-los. E essa validação garante que os receptores estejam devidamente licenciados e aptos para o recebimento e tratamento dos coprodutos.
Sem dúvida, esses cuidados espelham de forma muito clara o compromisso com a sustentabilidade e representa um valor muito importante para a ArcelorMittal Pecém. Que outras ações têm sido adotadas nesse sentido, e quais os resultados obtidos?
A sustentabilidade é um valor para a ArcelorMittal Pecém e está presente em nossas ações diárias. O nosso processo é atestado com as certificações de Qualidade (ISO 9001), Meio Ambiente (ISO 14001) e Automotiva (International Automotive Task-IATF). E cientes dessa responsabilidade, contamos e sempre buscamos tecnologias inovadoras no Pecém. Entre elas, além da já citada linha de tratamento e granulação de escória de Aciaria para reciclagem em cimenteiras, temos outros exemplos, como o tratamento a seco do gás de Aciaria e a dessaturação de 100% do gás COG gerado. O reuso da água, o cinturão verde, o reflorestamento e a produção de energia a partir de gases do processo siderúrgico também são soluções que a ArcelorMittal Pecém já adotou na área ambiental.