Em entrevista publicada na nova edição da revista O Biólogo, o Prof. Dr. Francisco Fernando Lamego Simões Filho, biólogo e doutor em Geoquímica Ambiental, pesquisador da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen) e professor do Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia Nucleares da instituição, admite que a energia nuclear enfrenta muita desconfiança, o que ele considera esperado, já que o mundo conheceu o potencial da energia nuclear, em primeiro lugar, pelo seu potencial de destruição.
No entanto, afirma o biólogo, a vantagem da energia nuclear deriva justamente dessa desconfiança: em termos de energia, é o setor mais bem regulado mundialmente. Os países que usam a energia nuclear devem respeitar uma série de convenções e acordos internacionais e o controle é grande desde a fase da instalação das usinas até o manejo dos rejeitos nucleares.
Lamego, considera que, dentre as fontes de energia não renováveis, a energia nuclear pode ser considerada uma alternativa competitiva até mesmo em parâmetros ambientais, pois tem emissões de carbono muito baixas em comparação com as fontes fósseis. Além disso, o aproveitamento do combustível nuclear chega a 96%, com apenas 4% do material se tornando um rejeito.
“Hoje tem toda uma linha de pensamento em que você tem profissionais da segurança que, apesar de serem contratados pela indústria, se reportam diretamente ao órgão regulatório. Isso é o ponto-chave: ter profissionais capacitados e com independência para implementar os protocolos e sistemas de gestão de garantia da qualidade necessários para que a segurança venha sempre em primeiro lugar. Lembrando que a indústria nuclear não é só a usina: tem toda uma série de outras aplicações que utilizam materiais nucleares, não para geração de energia, mas para outros processos de controle industrial, tratamentos em medicina, irradiação de grãos na agricultura e proteção do meio ambiente, que também são regulados pelo setor”, afirma ele.
Fonte: Assessoria de imprensa do CRBio-01