Estamos no encerramento das atividades do ano de 2021 e já apostos para encarar os desafios que serão apresentados logo nos primeiros dias do ano que vem.

Fazendo um balanço deste ano, como um analista do setor siderúrgico, posição que modestamente nos cabe interpretar neste momento, e baseado em todas as entrevistas, matérias, artigos, reportagens, anotações, conversas e conselhos julgamos que foi um ano bem positivo.

As usinas siderúrgicas conseguiram aumentar sua produção em níveis próximos dos 15%, o que representa pouco mais do que 3 vezes o crescimento do PIB brasileiro que vai se aproximar dos 5%, assim como a projeção de crescimento para a indústria da transformação, que segundo previsões da CNI, deve ficar entre 5,2% e 5,5%. E a parte financeira tomando-se como base os resultados trimestrais apresentados por força de exigência da Comissão de Valores Mobiliários do Mercado de Capitais, serão para lá de excepcionais.

E os demais elementos da cadeia? Ou seja, os processadores, distribuidores, prestadores de serviços, fornecedores de insumos e suprimentos, fabricantes de máquinas etc. No nosso entender estes também foram muito bem obrigado.

Assim como a maioria das atividades empresariais o primeiro semestre do ano foi marcado pela manutenção e até o crescimento de posições nas vendas obtidas no melhor momento do setor dos últimos 20 anos, que foi o segundo semestre de 2020.

Conversando com alguns “velhos marinheiros” do setor cheguei até a ouvir frases como: ” Voltaram os bons tempos onde não é preciso se preocupar em vender, porque os compradores estão brigando para comprar”. Naturalmente se referindo ao tempo bem mais antigo em que a demanda por aço era muito maior do que a oferta e os distribuidores não tinham dificuldades em vender o aço recebido das usinas.

Mas como nem a felicidade e nem a tristeza duram para sempre, e vivemos uma era globalizada, começaram a chegar os aços que foram comprados no exterior, por clientes insatisfeitos com o tratamento recebido e até mesmo pela falta do produto originado pela Pandemia e também porque buscaram ampliar a sua rede de fornecedores. E estes aços comprados com preços de novembro ou dezembro de 2020, chegaram a partir de maio, com uma diferença de valor absurda em relação ao que se praticava no mercado nacional uma vez que as usinas para acompanhar os preços internacionais da commodities subiram o valor nesse ano em cerca de 80%.

E com mais um detalhe a ser considerado. A quantidade de aço que foi trazida principalmente pelas tradings colocada no mercado ou que ainda continua estocada nos portos brasileiros é assustadora e como resultado disso os distribuidores e revendedores de aço que esperavam crescer mais de 10% neste ano, deverão amargar uma queda de 2 a 5% segundo a entidade que representa o setor uma vez que foram obrigados a dividir o mercado com os importadores.

No entanto, ainda que se confirme tal projeção, pelas circunstâncias que se mostrou o cenário, a maioria das empresas com o “boom” representado pelo segundo semestre de 2020 e a maior parte do primeiro semestre de 2021, equilibraram suas finanças e obtiveram ótimos resultados financeiros.

E o ano de 2022? Acredito que nem o mais astuto dos “gurus” da economia poderá afirmar com segurança o que vai rolar na economia.

Teremos um ano que será marcado por disputas acirradas na política, porque cargos majoritários como Presidente da Republica e Governadores de Estado serão preenchidos e pelo que temos visto o canibalismo está instalado.

De outro lado há sinais de que certas atividades poderão “explodir” em crescimento. Querem dois exemplos?

A indústria automotiva tem uma imensa demanda reprimida e não tem veículos para entregar. Os famosos semicondutores emperraram a indústria não só no Brasil, mas em todo o mundo sendo que por aqui cerca de 500 mil veículos não foram fabricados pela falta destes insumos. Mas, em recente entrevista concedida, por nada menos do que o presidente-executivo da Tesla, Elon Musk, foi dito que novas fábricas de semicondutores estão entrando em operação e irão resolver o problema da escassez deste insumo em curto prazo. Os próprios dirigentes da Anfavea sinalizam que até o fim do segundo trimestre a questão será resolvida. Só para conferir: agora em novembro, com toda a dificuldade a produção de veículos cresceu mais de 6%.

A indústria da construção civil também pode decolar no ano de 2022. A Caixa Econômica, por seu presidente vem anunciando a liberação gigantesca de recursos para financiamento imobiliário e os bancos particulares certamente entrarão nesta onda, uma vez que há capital sobrando no mercado.  Um sintoma disso é o aumento de publicidade de novos lançamentos que vem sendo veiculada todos os dias e o número de folhetos distribuídos nos semáforos e cruzamentos das grandes avenidas.

Estas duas atividades, juntadas ao Agronegócio, que não para de crescer, são combustíveis mais do que suficientes para uma virada total na economia.

Vamos ver se consigo chegar perto da verdade ou me engano em minhas previsões.

Feliz Natal e um ano de 2022 com muito sucesso e realizações.

Matéria veiculada no BLOG DO PÁTRIA – dezembro de 2021.